Total de visualizações de página

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Pobre Zé


Okey People,
O Zé voltou!

Zé olhava a paisagem enquanto a menina a sua frente não parava de falar, era o segundo ou terceiro encontro com outra menina depois do fora que tinha levado de Cíntia. Ainda não tinha saído de sua cabeça a razão de tudo aquilo, e estava mesmo muito desinteressado nessa menina, nem ao menos entendia o que ela falava, ela falava muito rápido e por conta do sotaque não entendia a metade das coisas que ela falava. Pra não se envergonhar mais perguntando o que? Ele agora fingia que entendia o que ela falava. Pensava consigo: O que vou inventar pra ir embora? Pior que nem tenho vontade de transar com ela, se continuar assim meu pinto vai entrar para dentro e vou virar uma mulher! Preferiu então pedir mais uma cerveja pra ver se conseguia se animar. Depois de muita conversa, aliás, do monólogo que se apresentava a sua frente, por fim a menina se cansou e deu uma desculpa que precisava ir embora cedo porque tinha que trabalhar no outro dia. Zé dava “Graças a Deus”, mas ainda estava preocupado com sua situação, pensava se algum dia ia conseguir de fato esquecer Cíntia (aquela vaca, desgraçada, arruinou minha vida).
Chegou em casa ligou o som, ouvia Pink Floyd no escuro. Chorou um pouquinho com as lembranças e um pouco de raiva e rancor, acabou cochilando.
Teve então um sonho um tanto esquisito e revelador, era alguém com as mãos em sua garganta lhe sufocando, depois via a água acima dele, não conseguiu ver direito o rosto, o rosto lhe era familiar, mas não conseguia ver quem era, acordou em um sobre salto, foi até a geladeira tomar um copo de água, parecia que sua garganta estava mesmo apertada. Pensou: Que coisa estranha. Ficou refletindo, e pensou que tinha que se livrar dessa sensação, de Cíntia, de Riberão Preto, tudo, TUDO. “Não vou ser mais eu!”, “Aquele otário que namorava aquela, aquela......zinha” Zé já não tinha mais adjetivos difamatórios para xingar “Agora mudou, vou pegar e comer tudo quanto é mulher que me aparecer na frente e isso é fato!”, “Vou fuder até meu pau cair!”.
Tomada essa resolução Zé dormiu com um leve sorriso no rosto, amanhã Zé acordaria um novo homem, mais seguro de si, mais pegador, mais, mais. Zé não era lindo de morrer, era muito magro, mas também nunca deixou de ser olhado, como era muito tímido perdia certas oportunidades, e como pensava em se casar com Cíntia (isso ele mantinha em segredo), nunca teve coragem de trair de fato, apesar de ter alguns flertes todos bem inocentes, diga-se de passagem, logo ele fazia questão de mostrar que era comprometido e apaixonado.
Mas ele acordou em um sábado determinado a sair e pegar uma gatinha só pra experimentar seu novo eu. Convidou um amigo do trabalho e foram em uma casa noturna. Para ele podia ser lugarzinho bem pop mesmo (apesar de Zé curtir muito rock seiscentistas), com gatinhas novinhas mesmo, no que ele pensava que era mais fácil de impressionar.
Bem tomou uns whiskys pra ver se criava coragem, via todas aquelas menininhas, de sainhas e de repente começou a lhe voltar aqueles pensamentos derrotistas: -PQP que eu tô fazendo aqui? Que merda de música é essa? E essas guriazinhas? Nem devem saber quem é Bob Dylan, vão saber conversar sobre o quê?
Daqui a pouco Zé foi apresentado a uma amiga de Diney (era Diney mesmo). Era uma menina com cara de vinte e poucos anos, era estagiária de uma firma de direito. Saia curtinha, cabelão, a padronagem da Patricinha, Zé então começou a conversar, como estava meio alto, começou a conversar e não parar mais, achava que estava com tudo. A menina então foi ao banheiro, e como diz a música de Tim Maia: “e nunca mais voltou”........
Zé voltou para casa arrasado, pensou que de repente ele fosse mesmo um jeca do interior paulista e que talvez não fosse mesmo tão atraente assim. Derrotado Zé então pegou um licor de Jenipapo que ganhou de sua faxineira, que lhe tinha muito apreço e resolveu beber para poder dormir bem, mas bem bêbado que era pra não pensar em mais nada.
Zé passou a semana inteira afundado no trabalho entre planilhas e números, não queria mais pensar em nada, chegou a ser muito elogiado pelo seu chefe. Na sexta então recebeu um convite para assistir um show, era de uma banda de Rock local, iria um primo de um amigo de Ribeirão que já morava a mais tempo em Salvador e uma galera. Como não tinha nada a perder, aceitou.
A festa tinha um jeito bem underground o que já agradou Zé, tinha muita gente interessante, bem estilo baiano de ser, com roupas coloridas, chinelos enfim se sentia na praia, respirava como se estivesse de férias, afinal esse clima ele só encontrava no verão quando ia pra praia. Ficou bem na frente do palco e começou a prestar atenção na banda, junto com Júnior amigo de seu primo e outro carinha que tinha saído com mais duas meninas provavelmente para fumar um baseado. Ele ficou lá, de repente percebeu que havia uma menina que não parava de olhar pra ele, ele percebeu que sua timidez estava voltando, sentiu vergonha de olhar para ela de novo. Voltou a prestar atenção na banda e com medo de desviar o olhar de novo. Ele sentiu certa felicidade porque estava sendo notado, pensou, vou olhar, mas quando olhou ela não estava mais. Não conseguiu mais se concentrar na banda, foi então pegar uma cerveja e ela estava lá, comprando fichas. Aparentemente sozinha, mas ele sabia que ela estava acompanhada de umas amigas.

Ela passou olhando pra ele e ele por um impulso disse: - Oi.
Ela retribui com um sorriso e ficou para conversar, Zé estava se sentindo internamente feliz por estar sendo tão fácil. Perguntou seu nome, o nome era Viviane, ou melhor, Vivi. Conversaram sobre tudo, tudo o que poderiam conversar, descobriram que tinham muitas coisas em comum, entre gostos musicais, filmes, programas de TV, ela tinha um humor irônico, e Zé a admirava por isso. Zé também tem um humor irônico, o problema que com Cíntia era sempre mal interpretado, ele acabava se contendo. Por um momento Zé pensou se deveria de fato pedir o telefone, pediu. Beijaram-se. Foram embora e Zé foi dormir feliz.
Zé passou a semana inteira trabalhando muito, mas não parou de pensar em Vivi, mas depois foi invadido por outros pensamentos. "E se ela for uma piriguete?" "Que nada vou só comer ela mesmo...." Depois se arrependeu de “tentar” ser um escroto por pensamento. Amanhã vou ligar, chegou em casa, abriu o Messenger e tinha recebido um convite de Vivi pra conversar, se lembrou então que tinham amigos em comum, amiga do primo do amigo de Ribeirão. Viu que ela estava on line, mas não puxou assunto, ficou quieto, mesmo no computador ele estava tímido. Ela puxou assunto, mas ele não sabia o que escrever, respondia, queria impressioná-la, mas não conseguia, o assunto morreu. Pensou:- Puxa tinha sido tão bacana aquela noite, queria tanto ficar com ela de novo.
Resolveu sair àquela noite com seu amigo o-primo-do-amigo-de-Ribeirão, tinha esperança de quem sabe encontrá-la. E de fato chegou à festa ela estava lá, linda, ela quando o viu foi direto lhe cumprimentar, mas Zé não conseguia falar parecia indiferente a presença dela, ela então foi interrompida por uma amiga pediu licença e saiu. Zé se virou para o grupo que estava na sua frente e conheceu outras pessoas e começou a conversar, finalmente estava se enturmando, a menina que estava a sua frente lhe parecia bem bonitinha. Começou a conversar com ela animadamente, nem tanto em comum mas, era também bastante divertida. Papo vai papo vem, Zé percebeu que tinha bebido demais, e lembrou de Vivi procurou a com os olhos mas não a achou. Enquanto isso Vanessa voltava do banheiro, também tinha bebido e se insinuou para Zé disse que ele tinha belos olhos. Zé pensou: -São castanhos tão comuns.....peraeh dã!
Beijou-a imediatamente sem pensar em nada, quando abriu os olhos enxergou Vivi, que já passava sem olhar para ele. Pensou azar! Agora já foi!
Acordou no outro dia com um sorrisinho afinal de contas tinha rolado todo o kit love, e pelo que ele se lembra o desempenho tido sido bom.
Mas alguma coisa imediatamente acabou com sua satisfação. “Vivi! Era com ela que eu queria ficar.” “ Por que? PORRA, agora outra para atormentar meus pensamentos, e pior nem conheço direito,nem transei com ela! E que merda!!! Ela nunca mais vai querer olhar na minha cara.”
Zé pensou mil e uma possibilidades de se redimir com Vivi, mas nada lhe ocorria, sabia que não tinha tanta intimidade com ela e que isso seria um atestado de culpa. Desistiu de tentar pensar em uma possibilidade depois de um mês.

O tempo passou mais um pouco, estava então Zé depois de nunca mais ter visto Vivi, e nem transar com mais ninguém depois de Vanessa, vendo os resultados do paulistão, conferindo a mega sena que ele fez com esperança de ganhar e comprar um Iate pra andar na baía de Todos os Santos. Então o MSN acusa: “Vivi –acabou de entrar.”
Zé então conseguiu finalmente digitar as duas letras mais difíceis de sua vida : -Oi.

Um comentário:

  1. AHHHHH, coitado do Zé!!!! vem cá, isso é real mesmo ou tu inventou? putz, é ótimo, não tem quem não se identifique com essa patética figura...mais, mais, maaaaiiisss!!!!!!!
    Parabéns, tu escreve muito bem, quem diria!!

    ResponderExcluir